sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

 

YouTube - Olhar Digital - Orkut perde espaço para o Facebook e Twitter

 

A Educação Fìsica e Ambientalismo
Esse tema tem despertado muito interesse dos estudantes. Vários grupos escolheram para o seus blogs.
Encontrei no Jornal da UNICAMP esse conteúdo muito importante.
Boa reflexão!


Campinas, 21 a 27 de setembro de 2009 – ANO XXIV – Nº 442 EXPEDIENTE ASSINE O JU



O novo ideário do ambientalismo
e os embates da modernidade


Aspectos importantes do ambientalismo e das conexões deste com outros movimentos sociais, como o feminismo, o pacifismo e o movimento estudantil, são tratados com profundidade e acuro no livro A busca pela natureza – Turismo e aventura, de autoria de Heloísa Turini Bruhns, professora aposentada do Departamento de Estudos do Lazer da Faculdade de Educação Física (FEF) da Unicamp, e que atualmente desenvolve projetos em colaboração com a professora Tereza Paes-Luchiari, coordenadora do programa de pós-graduação em Geografia do Instituto de Geociências (IG) da própria Universidade. A obra, que resulta de pesquisas realizadas pela autora para o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), elege o ambientalismo como um dos marcos do pensamento crítico contemporâneo. “Penso que o movimento trouxe novas possibilidades para refletirmos nossos valores e conceitos em relação à vida, além de ter polemizado algumas questões propostas pela modernidade, como a tentativa de domesticação do sujeito, a valorização da razão e a fé no progresso”, afirma. Na entrevista que segue, Heloísa Bruhns fornece mais detalhes dos temas que aborda no livro.


MANUEL ALVES FILHO

Jornal da Unicamp – O livro é resultado de pesquisas que a senhora vem desenvolvendo há algum tempo, não é?
Heloísa Bruhns – O livro teve como base três pesquisas que eu desenvolvi para o CNPq, todas elas relacionadas com meio ambiente, lazer e natureza. Outra participação importante nessa trajetória foi minha atuação, desde 1994, junto ao grupo de pesquisa “Turismo e meio ambiente” do Nepam [Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais, da Unicamp]. Essa participação culminou com a organização de eventos e na publicação de livros, cuja alavanca foi “Viagens à natureza”, que está na 8ª edição. Parto do pressuposto de que o ambientalismo enquanto movimento crítico-social – em negar suas contradições e incoerências, bem como correntes às vezes conflituosas – influenciou a busca atual pela natureza, a qual recebeu conotações diferenciadas ao longo de seu percurso histórico em diferentes contextos. Podemos pensar essas questões engatilhadas a partir da década de 1960, nos movimentos contraculturais, constituindo e desembocando em crises deflagradas no âmbito das instituições – família, ensino, igreja dentre outras. Surge aí uma noção de ambientalismo na qual está embutida não apenas a preservação, de maneira isolada e estanque, mas integrando uma infinidade de conteúdos.

JU – É um livro voltado para a academia ou é acessível a todas as pessoas que se interessam pelos temas nele contidos?
Heloísa Bruhns – Há um processo recente de diálogo entre a academia e os técnicos especializados que gerenciam as atividades na natureza. Participei em julho passado, na Chapada Diamantina, do Congresso Brasileiro de Atividade de Aventura. Achei interessante, porque a academia está abrindo diálogo com esse segmento, visto que ela não consegue dar conta sozinha do aspecto técnico. Algumas atividades requerem o uso de equipamentos muito específicos e sofisticados. Não é possível realizar, por exemplo, uma exploração de cavernas no Petar [Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira, localizado na faixa Sul do Estado de São Paulo] sem o acompanhamento de um técnico ou sem o uso de equipamentos de segurança. Ou seja, os técnicos possuem esse conhecimento.

A fusão do saber crítico e do saber especializado é interessante e enriquecedor, uma vez que estamos tratando de um assunto que envolve áreas das mais diversas, como geografia, turismo, ciências sociais, biologia, educação física etc. Nesse sentido, o livro realiza uma discussão um pouco mais densa no primeiro capítulo, no qual abordo questões do ambientalismo, do feminismo e do ecofeminismo. Do segundo capítulo em diante o enfoque é mais acessível aos não-acadêmicos. É quando enfoco a questão da educação ambiental, das características das atividades de turismo e aventura e do perfil do público que está demandando essas atividades. Penso que o livro atinge públicos diferentes, de áreas igualmente distintas.

JU – A senhora aponta o ambientalismo como um importante movimento social. Há, todavia, quem ainda o veja como um movimento permeado por ingenuidades. Por que isso acontece?
Heloísa Bruhns – No início, o ambientalismo incluiu entre suas propostas um tema que a meu ver foi equivocado. Ingenuamente, o movimento negou o progresso conquistado e defendeu o retorno ao campo. Uma utopia simplista manifestou-se no movimento, relacionada à ruralização e à proposta de volta às comunidades rurais, qual seja, o retorno aos modelos de convívio dos pequenos povoados e vilas, negando o conforto, que foi confundido com luxo, conquistado na sociedade ocidental. Isso fez com que surgissem várias comunidades alternativas, sendo que a grande maioria foi extinta. A proposta não teve o alcance imaginado por um motivo simples: a sociedade em geral não estava disposta a abrir mão de algumas conquistas que ela tinha como legítimas. Ou seja, não se tratava propriamente de retroceder, mas sim de contestar o que estava sendo feito, de modo que as ações do progresso fossem menos agressivas, tanto em relação ao planeta quanto em relação aos sujeitos.

Penso que esse equívoco inicial fez com que alguns segmentos passassem a ver o ambientalismo como um movimento com propostas ingênuas, mas hoje sabemos que não se trata disso absolutamente. Embora o movimento tenha se inspirando no princípio da não-violência, nem tudo ocorre sempre assim, e grupos de ação direta como Greenpeace e Earth First! às vezes correm o risco de aproximar os ambientalistas de milícias defensoras da sobrevivência.




JU – No livro, a senhora trata das conexões do ambientalismo com outros movimentos sociais. Que movimentos são esses e como se deram essas relações?
Heloísa Bruhns – No livro, eu tento fazer uma ponte entre o feminismo, o ecofeminismo, o ambientalismo, os novos valores e as novas sensibilidades, envolvidos na busca contemporânea pela natureza. O ambientalismo carrega novas ideias e sensibilidades – aproximando-se do feminismo e da vertente ecofeminista –, configurando uma fase estética, gerando tanto uma atitude ativa contemplativa sobre a natureza, como uma atitude ativa destinada a expandir e integrar as relações da sociedade com a natureza.

O feminismo insere-se nos “novos movimentos sociais” emergidos durante a década de 1960 – as revoluções estudantis, os movimentos antiguerra e da contracultura revolucionária , os movimentos pacifistas e o ambientalismo. Ele veio contestar situações pontuadas pela modernidade como categorias universais de sujeito masculino e do conhecimento objetivo. Criticar totalidades e estereótipos universais é uma opção teórica dos estudos feministas. Ora, não existe sujeito universal, existem sujeitos particulares em situações igualmente particulares; localidades particulares, com interesses e necessidades muito diferentes entre si. No início, direcionado para a contestação social feminina, o feminismo expandiu-se, incluindo a formação de identidades sexuais e de gênero, desafiando a noção de que homens e mulheres eram parte da mesma identidade, ou seja, da mesma “humanidade” Assim, politizou a subjetividade, a identidade e o processo de identificação: homens/mulheres; mãe/pai; filho/filha.

O feminismo propôs também um olhar mais sensível em relação às questões que vinham ocorrendo na sociedade em geral, tanto no mundo oriental quanto ocidental, como a da agressividade em relação ao planeta e aos sujeitos. Apontou a necessidade de incorporarmos parâmetros não-racionais à nossa leitura da realidade e de nos aproximarmos de valores como a sensibilidade, a fragilidade, a tolerância, a solidariedade, entre outros, embora devamos considerar que esses valores merecem receber tratamento contextualizado, uma vez que suas construções históricas requerem tal cuidado. A vertente do ecofeminismo procura incorporar a visão das mulheres às discussões acerca da problemática ambiental e tem orientado movimentos ambientalistas e feministas em várias partes do mundo

JU – Como marco histórico, estamos falando das décadas de 60 e 70, é isso?
Heloísa Bruhns – Algumas práticas de lazer tendo como pano de fundo o ambientalismo enquanto movimento crítico-social surgem ou despontam com outras características a partir de 1960, muito próximas às peregrinações do movimento hippie ou aos seus propósitos de volta ao campo, onde a busca pela natureza representava uma contestação de valores em relação à determinada produção e ao consumo.

Atualmente, a natureza pode ser considerada como território da experiência, afastando-se da contestação inicial. Porém, é importante lembrar que experiência está associada a tentar, testar, arriscar, ou seja, implica em aventurar-se. Podemos visualizar aí uma espécie de protesto contra um ritmo de vida orientado unicamente para a produção. As visitas à natureza traduzidas nas formas de acampamento, caminhadas, exploração de cavernas e montanhismo tornam-se cada vez mais frequentes, desencadeando uma série de atividades como rafting, canyoning, bóia-cross, cascading, tirolesa e outros.

JU – O que há de novo no movimento ambientalista?
Heloísa Bruhns – Atualmente, podemos adotar como “ambientalista” uma variada gama de pessoas interessadas nas questões ambientais. Muitas delas valorizam estilos de vida rurais, caminhadas, práticas de acampamento e algumas integram organizações ambientalistas como a WWF [World Wildlife Fund], SOS Mata Atlântica e Projeto Tamar.
Observamos ações diversas, que provavelmente não seriam realizadas há algumas décadas, como observar abutres na Croácia ou baleias nas Ilhas Canárias. Essas pessoas são denominadas “ecovoluntários”. Viajam para trabalhar, com direito a hospedagem e refeição. Policiam, por exemplo, o ecoturismo marinho e instruem a população sobre a importância da preservação.

JU – Como o homem é visto dentro desse contexto de preservação do planeta?
Heloísa Bruhns – Estamos vivendo um período de discussões muito efervescente, principalmente por conta das consequências do aquecimento global. A necessidade de repensarmos a nossa relação com o planeta não pode ficar restrita apenas aos fatores físico-bióticos. O ambientalismo mostrou que a questão ambiental se relaciona também com a questão da qualidade de vida do sujeito. E a qualidade de vida está intimamente relacionada à necessidade fundamental de erradicação da miséria e de melhor distribuição de renda. Ou seja, uma vida digna pressupõe que problemas de saúde, educação, habitação e alimentação estejam sanados.

JU – Voltando à questão da prática de atividades de aventura, essas experiências estão vinculadas ao consumo em alguma medida. Muitas são promovidas por agências de turismo, que obviamente cobram pelo serviço. Alguma crítica a essa relação?
Heloísa Bruhns – No Brasil, a questão comercial em relação aos grupos organizados prevalece bastante, o que não acontece tanto na Europa. Em 2007, eu desenvolvi uma pesquisa como professora visitante na Nottigham Trent University. Apenas em Nottingham, onde eu morava, cheguei a participar de cinco grupos diferentes de caminhada. Nenhum deles estava associado a agências de turismo. Para o europeu, essa prática parece ser mais comum. O brasileiro, ao contrário, prefere se associar a uma agência por conta de comodidade e segurança. Ou seja, o lado comercial e mercadológico existe. Entretanto, o mesmo ocorre em relação a grupos que se aventuram sozinhos, pois seus membros compram equipamentos, muitos deles de grife.

No livro tento mostrar que essa questão exige a busca da complexidade envolvida no tema. Enfoques sobre a invasão do consumo na nossa vida cotidiana tornaram-se assunto comum na sociedade urbano-industrial há algum tempo, conduzindo os sujeitos a acreditarem na manipulação de nossos costumes e comportamentos. Nessa perspectiva, o consumo representa a trapaça do mercado invadindo todos os aspectos da vida.

“A qualidade de vida
está intimamente
relacionada à necessidade
fundamental de erradicação
da miséria
e de melhor
distribuição de renda”

Essas abordagens tornam-se simplistas, pois são verificadas manifestações de oposição e aceitação em relação às mensagens veiculadas pela indústria cultural, implicando numa dinâmica das relações de classes, com um reposicionamento constante dos diversos grupos sociais. A interpretação do consumo como mero fenômeno econômico despreza os fenômenos expressivos que entram em tensão com a racionalização ou com as pretensões de racionalizar a vida social. Embora concorde que as garras do poder econômico e a potência do mercado têm o poder de ditar normas e induzir comportamentos, não posso olhar o homem como um ser simplesmente consumidor, pois estaria realizando uma análise simplista, ingênua e reducionista da questão, ao mesmo tempo em que empobreceria a humanidade nas suas possibilidades de expressão e manifestação.

JU – Normalmente, nós vemos mais ações das ONGs do que dos entes públicos quando o assunto é meio ambiente. O poder público continua participando timidamente dessa questão?
Heloísa Bruhns – Ao contestar instrumentos sócio-culturais e político-econômicos de organização das sociedades e ao questionar teorias e práticas em torno da luta pelo poder, o ambientalismo vem propor novas configurações do expressar a política, de fazer reivindicações, de agir sobre os temas de interesse coletivos e individuais.

O movimento defende o exercício da política do cotidiano e da identidade na transformação das relações fundamentais, mesmo que essa ação atinja somente uma localidade específica. Considera essa forma de fazer política mais efetiva quando comparada ao enfrentamento dos jogos macro do poder instituído, pois não concorda com suas regras. Portanto, acredita que a solução não vem da mesma matriz danosa que se tenta evitar.

O ambientalismo propõe uma mudança de perspectiva na tradicional concepção de política e, consequentemente, novas formas de fazer política e se relacionar com o poder. A política de identidade visualiza virtudes na flexibilidade e mobilidade e se concentra em questões particulares, reconhecendo a inevitabilidade da diferença e da heterogeneidade, desconfiando dos discursos políticos que giram em torno de imagens do universal e da massa. Entre as décadas de 1960 e 1990, os movimentos e as lutas políticas que mais se destacaram, tanto nos países centrais como nos periféricos e semiperiféricos, foram protagonizados por grupos sociais compostos por identidades não diretamente classistas, como estudantes, mulheres, grupos étnicos e religiosos, pacifistas, ecológicos.

As ONGs, embora não desvinculadas totalmente do poder instituído, tentam garantir o mínimo de autonomia e independência nas suas ações, criando regras diferenciadas, tentando um afastamento dos entraves burocráticos. Iniciativas particulares como participar de mutirões para recolhimento do lixo das praias e trilhas, desenvolver projetos voluntários para a erradicação do analfabetismo, criar grupos para trabalhar com material reciclado etc demonstram possibilidades mais independentes em relação ao poder público.

JU – Como é o seu olhar sobre essas experiências contemporâneas relacionadas à busca pela natureza?
Heloísa Bruhns – Essa busca pela natureza muitas vezes traduzida como errância, incorporando o deslocamento, o trânsito, manifesta uma insatisfação contra a estabilidade positivista do mundo estabelecido relacionada a uma tentativa – bem sucedida – de domesticação das massas, do assentamento no trabalho e no destino à residência.

Essas pequenas, porém essenciais aventuras errantes, sem muito propósito definido, reconciliam desejos e sua materialização, por meio de uma experiência grupal, na qual os sentidos e os sentimentos tornam-se a base a partir da qual surgem comportamentos e ideias, criando laços ou conflitos, concordâncias ou discordâncias, ambiguidades e contradições.

“Surgiu uma noção
de ambientalismo
na qual está embutida
não apenas a preservação, de maneira isolada
e estanque, mas integrando uma
infinidade de conteúdos”

Frente a uma ideologia econômica que tenta direcionar a vida, testemunhamos a necessidade do “vazio”, da perda, do que não pode ser contabilizado. Enfim, pela necessidade do imaterial. Ao atentarmos para o preço das coisas “sem preço”, saberemos dar sentido aos fenômenos que não querem ter sentido. A questão dessa experiência – ou aventura – não está em ganhar ou perder – nesse sentido distancia-se da lógica tradicional e linear do “record”. Trata-se somente de um fragmento da existência, ao lado de tantos outros, o qual possui a força misteriosa de fazer-nos sentir, por um momento, a vida inteira, como se não tivesse outro objetivo senão sua realização.

O desafio contemporâneo requer a busca de reinvenções, sobretudo no plano político, de elos e mediações ou de novos meios de convívio e valores diferenciados, em um confronto com as sempre mesmas injustiças conhecidas. Estamos buscando algo indefinido, desconhecido, compondo instabilidades em um quadro instaurado na reciclagem de desejos, bem com na reciclagem da própria vida.

Talvez essa busca pela natureza por meio de experimentações e novos comportamentos traduza um pouco de tudo isso, pois nela percebemos a influência mais surda, porém mais profunda, de um mundo em crise, inquietante e instável, tomado por abalos brutais e animado por mudanças rápidas; um universo social que se experimenta e do qual nossos corpos carregam os traços.



Quem é
Heloisa Turini Bruhns é professora titular aposentada do Departamento de Estudos do Lazer-FEF e atual colaboradora no programa de pós-graduação em Geografia do Instituto de Geociências (IG), ambos da Unicamp. Autora dos livros: O corpo parceiro e o corpo adversário; Futebol, carnaval e capoeira: entre as gingas do corpo brasileiro (ambos pela Papirus); e A busca pela natureza-aventura e turismo (Manole). Organizadora e co-organizadora dos livros: Conversando sobre o corpo; Viagens à natureza; Olhares contemporâneos sobre o turismo; Natureza, cultura e patrimônio (todos pela Papirus); Introdução aos Estudos do Lazer (Editora da Unicamp); Lazer e ciências sociais (Chronos); Temas sobre Lazer; O corpo e o lúdico; Enfoques contemporâneos sobre o lúdico e Representações do lúdico (todos pela Autores Associados); Turismo, Lazer e Natureza, e Viagens, lazer e esporte: o espaço da natureza (ambos pela Manole). Durante o ano de 2007 realizou um estágio como “Visiting Professor” no centro de pesquisa “Theory, Culture and Society” na Nottingham Trent University-UK.



SERVIÇO

Título: A busca pela natureza – Turismo e aventura
Autor: Heloísa Turini Bruhns
Editora: Manole
Páginas: 206
Preço sugerido: R$ 43,20


Jornal da Unicamp - Universidade Estadual de Campinas / ASCOM - Assessoria de Comunicação e Imprensa
e-mail: imprensa@unicamp.br - Cidade Universitária "Zeferino Vaz" Barão Geraldo - Campinas - SP

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Anabolizantes



Fórum de Educação Física, Esporte e Saúde
Divulgando o conhecimento científico da Educação Física
Nutricionista constata uso indiscriminado de anabolizantesDiscussões sobre fisiologia, fisiologia do exercício, bioquímica, anatomia, biomecânica, física, treinamento desportivo, preparação física, nutrição, musculação, citologia, histologia, medicina desportiva, genética, doping etc.

Nutricionista constata uso indiscriminado de anabolizantes
por Efrain Maciel e Silva em 01 Jun 2009, 15:50
Nutricionista constata uso indiscriminado de estimulantes e anabolizantes em academiasPesquisa realizada com cem homens, maiores de 18 anos, frequentadores de dez academias de musculação em Campinas, detectou que 68% desta população consome algum tipo de substância ergogênica – variando de suplementos alimentares a esteróides anabolizantes e estimulantes. Constatou-se, por exemplo, que dos consumidores, 10% confirmaram o uso de anabolizantes e 9% relataram o consumo de estimulantes. O número é considerado expressivo, uma vez que ambos os produtos contêm drogas nocivas à saúde. A situação se agrava na medida em que essas substâncias são utilizadas sem a orientação de profissionais habilitados, sendo vendidas indiscriminadamente em academias e na internet.O alerta é da nutricionista Adriana Camurça Pontes Siqueira, que defendeu tese de doutorado na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA), sob orientação da professora Maria Aparecida Azevedo Pereira da Silva. A profissional defende a implantação urgente de programas educacionais nas escolas para esclarecer, preferencialmente, crianças e jovens sobre o problema do consumo dessas substâncias, principalmente aquelas consideradas como drogas.“Os praticantes de musculação conhecem bem os benefícios promovidos pelas substâncias ergogênicas, mas necessitam de mais informações sobre os riscos que elas podem trazer à saúde”, destaca a nutricionista. Na pesquisa, ela constatou que os entrevistados sabiam que suplementos de carboidratos são fontes de energia, que o uso de anabolizante e o consumo de suplementos proteicos aumentam a massa muscular e que quem consome creatina tem mais energia para se exercitar. “Por outro lado, apenas uma pequena proporção desses indivíduos acreditava que o excesso de suplementos proteicos pode fazer mal à saúde e que sobrecarrega os rins, por exemplo”.Para Adriana Siqueira, a fiscalização deveria ser mais rigorosa. De acordo com o estudo, 10% dos consumidores adquirem os produtos nas próprias academias e outros 16% pela internet, o que pressupõe que não existe pessoal qualificado para prestar as informações adequadas. A preocupação da nutricionista reside ainda no fato de que 39% deste contingente consumidor de substâncias ergogênicas possui curso superior completo e 17% fez pós-graduação. Outros 19% frequentam curso superior, ou seja, a maioria possui um grau de instrução elevado.O estudo mostra também que a principal fonte de informação para a utilização das substâncias ergogênicas são os professores de academia e/ou personal trainning. Cerca de 22% deles utilizam o rótulo do produto para obter informações. “Deve ser levado em conta que nem sempre os rótulos mencionam todas as substâncias presentes no suplemento”.Neste sentido, Adriana Siqueira considera que o papel destes profissionais é essencial para o controle do uso indiscriminado. “Os professores de academia e a mídia impressa e eletrônica são as principais fontes de informações sobre nutrição e saúde, e os médicos e nutricionistas, apesar de possuírem boa credibilidade, são pouco consultados sobre esses assuntos”, esclarece. Por isso, ela recomenda que esses profissionais façam o encaminhamento dos interessados no consumo a profissionais devidamente habilitados.Perfil dos consumidoresDados anteriores na literatura já apontavam para o crescimento do consumo das substâncias ergogênicas entre jovens. Em 1998, por exemplo, a média de consumidores brasileiros era de 32% e, em 2005, este número saltou para 45%. Ocorreu um crescimento, principalmente, pela ideia do melhor desempenho no esporte.Na pesquisa realizada por Adriana Siqueira, o público-alvo foi basicamente homens, uma vez que são eles os principais consumidores. Ao desenvolver e utilizar uma escala de atitude, instrumento da área de psicologia que visa entender o que pensam e como se comportam os indivíduos em relação a um “objeto”, a nutricionista chegou a um perfil destes consumidores em academias campineiras.O estudo confirmou maior incidência entre jovens, pois 43% estão na faixa etária entre 18 e 24 anos, sendo que a idade média foi de 27 anos. Entre os consumidores, 81% deles são solteiros e 86% não têm filhos. Eles consomem até nove tipos diferentes de ergogênicos, com uma frequência alta, pois 62% relataram utilizar as substâncias diariamente. De quatro a cinco vezes por semana, 38% dos praticantes de musculação indicaram esta freqüência, enquanto 43% atestam o uso de duas a três vezes por semana. Fora o consumo dos suplementos, 46% deles indicaram que treinam musculação cinco vezes na semana, em um tempo médio entre uma e duas horas.Os principais suplementos consumidos são, em ordem crescente, proteína, carboidratos, aminoácidos e creatina, sendo que há um alto índice de consumo de anabolizantes – 10% – e estimulantes, 9%. Aumentar a massa muscular e garantir melhor perfomance esportiva foram os motivos alegados por 63% dos consumidores. Setenta e dois por cento deles afirmam que compram os produtos em lojas do segmento.Efeitos nocivosO uso indiscriminado de suplementos de natureza ergogência não é recomendado para indivíduos com problemas hepáticos, renais e hipertensos. Quando usados de forma excessiva e sem orientação profissional, os produtos podem causar sobrecarga hepática e renal, desidratação, perda de cálcio e gota, além de efeitos gastrointestinais, como diarréia e edema abdominal. “Infelizmente, essas informações não constam nos rótulos dos suplementos ergogênicos, o que representa um grande risco aos consumidores”, alerta.Já os riscos potenciais do uso de estimulantes, como a efedrina, são o aumento da pressão arterial, problemas cardíacos, distúrbios do sono, tremores, agitação, perda de coordenação motora, possibilidade de causar dependência psicológica e até mesmo risco de morte. Os esteróides anabolizantes, por sua vez, apresentam como riscos o hipogonadismo masculino, anemia refratária, edema, distrofias musculares, doenças reumáticas, aumento do risco de adquirir Aids e hepatite C e B, hipertensão arterial, aumento do colesterol LDL e diminuição do HDL, disfunção tiroidiana, alteração da função hepática, icterícia, adenocarcinoma hepático, alterações do humor e sono e aumento da agressividade.Em paz com o espelhoAdriana Siqueira suspeita que o alto consumo das substâncias está vinculado à imagem corporal que os indivíduos têm de si mesmo. Por isso, buscou 40 indivíduos entre consumidores e não-consumidores e traçou uma escala para aferir o grau de satisfação com o corpo. O estudo não apontou nada que pudesse confirmar a hipótese. A grande maioria atestou estar em paz com o espelho e não ter nenhuma questão a ser resolvida com a imagem corporal.Um dado interessante foi o índice significativo de indivíduos com suspeita de dismorfia muscular – também conhecida como vigorexia – entre os consumidores. Trata-se de uma doença psicológica em que a pessoa, mesmo sendo forte e desenvolvida, se enxerga “pequena”. Entre os não-consumidores, nenhum obteve este diagnóstico. No entanto, outros estudos devem ser feitos para confirmar a informação.Adriana encontrou ainda correlação entre o grau de dependência de exercícios com o consumo das substâncias ergogênicas. “Quanto mais dependente, maior o consumo de ergogênicos”, confirma. A dependência foi detectada tanto entre os consumidores como entre os não-consumidores das substâncias.Fonte: Raquel do Carmo Santos do Jornal da UNICAMP, Campinas, 1 a 14 de junho de 2009 – ANO XXIII – Nº 431
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Efrain Maciel e Silva
Administrador Geral

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Metodologia de Ensino

Ensino à distância pode ajudar atletas a conciliar treinamentos e estudoPublicada em 15/09/2008 às 21h59mMarta Reis - O Globo Online
RIO - Se a rotina de treinamento e competições de um atleta de altorendimento no Brasil dificilmente permite que ele se dedique também àsaulas da faculdade, uma solução, segundo especialistas e os própriosatletas, pode estar num esquema integrado entre a educação presenciale à distância. De acordo com o jogador de handebol da UniversidadeMetodista de São Paulo Diogo Hübner, a instituição está começando ainvestir num sistema que permite que os atletas assistam parte dasaulas pelo computador, principalmente quando estão viajando paracompetir.
- É uma ótima saída. Como é muito difícil se manter do esporte nopaís, principalmente em modalidades de pouca visibilidade como ohandebol, o atleta precisa investir na sua formação intelectual parater de onde tirar o ganha pão depois - afirma Hübner de 25 anos, quese formou em Educação Física pela Metodista e pretende fazer uma pósem treinamento desportivo, assim que se aposentar das quadras.O bicampeão pan-americano nos 200 metros costas - em Havana, 91, e emSanto Domingo, 2003 - , Rogério Romero, compartilha da mesma opinião.O nadador foi um dos muitos atletas que precisou abandonar a faculdadepara focar nos treinamentos:
- Não estava conseguindo fazer bem nem uma coisa, nem a outra. Ficavamuito tempo fora e acabava perdendo muitas aulas. Na minha época, oensino à distância não era tão popular. Mas para funcionar é precisoque as universidades invistam na idéia - ressalta o ex-atleta, queparticipou de cinco edições das Olimpíadas.
De acordo com a chefe do Departamento de Estudos do Lazer da Faculdadede Educação Física da Unicamp, Heloísa Reis, o ensino à distância podeajudar a encurtar o tempo de conclusão do curso superior, que costumaser acima da média no caso dos atletas.- Qualquer iniciativa que invista na educação deles é importante. Oque não pode acontecer de jeito nenhum é a produção de jogadoresburros e semi-analfabetos, como no futebol. Neste caso, há um totaldesinteresse dos dirigentes para que os atletas estudem. Afinal,quanto menos sabem, mais facilmente podem ser manipulados pelosempresários e cartolas -critica a professora.